domingo, 22 de março de 2009

AUTO RELATO DE UMA PROFESSORA


COMO FICA O NOSSO SISTEMA EDUCACIONAL?

O QUE VOCÊ FARIA?


"Dr(a) Evelyn, infelizmente hoje meu aluno TDAH foi pego com intorpecentes dentro da escola, depois descobri que ele fez uso no ambiente interno da escola e que já teve 3 passagens pela DCA e em uma delas foi por latrocínio.A conduta da escola foi expulsão do aluno...Me senti incapaz de ajuda - ló , foi horrível...A polícia, ali, revistando ele ; e ele é claro até tentou fugir da polícia, pois estava com o tênis cheio de drogas.Estou me sentindo muito triste, queria ter feito a diferença na vida deste aluno e não consegui...Sei que agora ele ficará por aí nas ruas, com os "amigos" onde ele se sente aceito e querido e longe da escola. E me pergunto: o que o sistema educacional faz por alunos assim? Nada... ?"
Atenciosamente

domingo, 1 de março de 2009

Transtorno Bipolar continua com a idade


A pesquisadora e psiquiatra americana Barbara Geller apresentou seu primeiro estudo longitudinal de follow-up, com uma amostra de jovens diagnosticados com Disordem Bipolar na vida adulta. No início da pesquisa, a idade média foi de 11 anos, foram investigados 115 pacientes por 8 anos. Na época, 54 deles estavam com mais de 18 anos, sugerindo continuidade com sintomas observados previamente. Morbidade, em termos de número de semanas com doença foi extremamente alta e 35,2% faziam abuso de substância psicoativa. Do mesmo modo que as crianças nesse importante estudo amadureceram ao longo da última década, as pesquisas em Disordem Bipolar na criança também aumentaram. De 1986 a 1986, 15 artigos foram publicados sobre Transtorno Bipolar do Humor infantil. De 1997 a 2007, o número subiu para 294. Esse “boom” contribui para aumentar a conscientização de que a doença mental séria não “re-surge” novamente quando os indivíduos chegam na idade adulta, e sim reflete processo precoce do desenvolvimento. Essa noção traz profundas implicações para pesquisas futuras, enfatizando a necessidade de mais pesquisas longitudinais como a de Geller, pesquisas fisiopatológicas em crianças, estudos comparando adultos e adolescentes com Transtorno do Humor Bipolar e estudos em jovens de família de risco para Disordem Bipolar.
Em relação a Disordem Bipolar, o que aprendemos desde 1986?
Usando-se técnicas de entrevistas parecidas com as usadas em adultos, vemos que crianças que preenchem critérios para Disordem Bipolar podem ser claramente identificadas. Um consenso diz que casos inequívocos de Transtorno Bipolar ocorrem tanto em pré-adolescentes como em adolescentes. Entretanto, enquanto há concordância de que casos clássicos ocorrem, questões ainda pairam sobre as fronteiras dos fenótipos. Alguns pesquisadores sugerem que uma síndrome com irritabilidade severa e sintomas de TDAH, sem episódios maníacos claros, é uma forma de apresentação desenvolvimental do Disordem Bipolar. Pesquisas mostram que Disordem Bipolar em crianças, como em adultos, tipicamente preencherão critérios para um alto numero de outras condições que estão no DSM-IV-IV. Existe um consenso de que casos inequívocos de Disordem Bipolar ocorrem em crianças e em adolescentes. Entretanto, enquanto existe uma concordância da ocorrência de casos clássicos em crianças e adolescentes, questões permanecem quanto as fronteiras dos fenótipos, o que afeta a prevalência conhecida. Por exemplo, foi sugerido que a síndrome que compreender irritação severa e sintomas TDAH-like, mesmo sem episódios maníacos distintos, é uma apresentação desenvolvimental do Disordem Bipolar. É sabido também que crianças com Disordem Bipolar preenchem, tipicamente, critérios para vários outros diagnósticos da DSM-IV. Resta saber, se esses achados refletem comorbidade verdadeira, referências induzidas, limitações do nosso atual sistema diagnóstico ou patologia compartilhada. Crianças diagnosticadas como tendo Disordem Bipolar são típica e severamente comprometidas, com recaídas freqüentes e períodos mínimos de remissão, reforçando a grande necessidade de que mais estudos rigorosos sobre tratamento e intervenções sejam feitos.
Há uma particular necessidade para estudos randomizados, placebo-controlados porque dados preliminares dessas pesquisas sugerem que medicamentos freqüentemente usados para tratar Disordem Bipolar em criança mostram padrões inconsistentes de benefícios quando comparados ao placebo. Como na depressão infantil, não se pode afirmar que as drogas sejam efetivas como são no tratamento do Disordem Bipolar em adultos. Além do mais, esses medicamentos correm o risco de levarem a sérios efeitos colaterais, sem que se possa prever ainda os efeitos a longo prazo, em crianças. Intervenções cognitivas, comportamentais e educacionais, incluindo as que se mostram promissoras no adulto com Disordem Bipolar, também deveria ser objeto de pesquisas controladas e randomizadas em crianças. O que nos trará a próxima década em termos de pesquisa de Disordem Bipolar infantil? Sem resposta ainda, pesquisas futuras repousarão nos ombros dos estudos fenomenológicos pré-existentes. Esperamos por marcadores biológicos. Só assim seremos capazes de diferenciar Disordem Bipolar pediátrica de outras síndromes infantis caracterizadas por alterações de humor e comportamentos disruptivos, o que vai facilitar o desenvolvimento de tratamentos mais específicos do que os que temos hoje. A estrutura que serve de base para a pesquisa dessa nova era vem dos estudos da neurociência, neuroimagem e de insights no campo da genética de doenças complexas.Em genética, achados em diversas áreas da medicina sugerem que o aparecimento precoce da doença esteja associado à carga genética pesada, daí os estudos em Disordem Bipolar em criança serem particularmente informativos. Tais pesquisas são necessárias e precisam avançar com o objetivo de maior compreensão do Disordem Bipolar como um transtorno do desenvolvimento. Crianças de risco para Disordem Bipolar representam uma importante prioridade de Saúde Pública e uma relativamente única oportunidade tanto de observar o desenvolvimento de uma doença psiquiátrica altamente hereditária bem como identificar fatores promotores de resiliência.